![]() Circo picolino educa ‘malabaristas de rua’ |
Ana Rosa Ribeiro Oferecer curso gratuito a crianças que fazem malabarismo nas ruas, promovendo a arte com educação. Esse é o objetivo do projeto Moradia e Cidadania desenvolvido pelo Circo Picolino em parceria com a Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social (Setrad). O projeto trabalha com a filosofia de tirar essas crianças da rua e oferecer a elas uma nova oportunidade de vida, desenvolvendo a cidadania e a vocação profissional. Criado em dezembro de 2002, o projeto já atende 100 crianças, entre sete e 17 anos, oferecendo cursos, onde são ensinadas técnicas de acrobacia, equilíbrio em arame, malabarismo, trapézio simples e corda indiana, além de lanche, vale transporte e assistência social. “Paralelo ao desenvolvimento físico há um desenvolvimento pessoal, pois as técnicas estimulam a auto-estima, a segurança e como lidar com dificuldades”, explica Karina Paz, produtora do Circo Picolino. Segundo Karina, o número de meninos que fazem malabarismo nas ruas aumentou muito nesses últimos meses. Uma das razões é a migração de argentinos e chilenos malabaristas para Salvador com o intuito de, com as acrobacias nas sinaleiras ‘descolar’ uns trocados. “As crianças que já trabalharam nesses locais perceberam que dessa forma ganhariam mais dinheiro, gerando assim o aumento dessa prática, por isso intensificamos nossa ação atuando especificamente com essas crianças”. Os instrutores, juntamente com os coordenadores pedagógicos, vão até as sinaleiras e convidam as crianças que mostram afinidade com a arte a participarem do projeto. “A maioria aceita nossa proposta”, diz Karina. Para César Pinho, ex-malabarista de rua e atual integrante do circo Picolino, o projeto trouxe bastante benefícios, pois além de alimentação “eu aprendo o que gosto”. Por outro lado, há crianças que não aceitam fazer parte do projeto porque o circo não as remunera. “Sei que existe o Picolino e até já falaram comigo, só que preciso ganhar dinheiro, minha mãe precisa comprar comida”, explica Marco Silva, 14 anos, “malabarista de rua” na Pituba. A escola Picolino já desenvolve a 11 anos um trabalho de caráter social, mantendo sua meta em arte-educação voltada para as crianças carentes. Com o Projeto Moradia e Cidadania a ONG intensifica cada vez mais sua ação. Seu grupo de instrutores é formato por ex-alunos, que são ex-meninos de rua, hoje artistas profissionais. |