“Webjornalismo está em expansão”, diz especialista

Sarah Marques

“O jornalista não pode achar que o texto na web é igual ao de jornal, revista, rádio ou televisão. Ele tem pitadas da linguagem de cada uma dessas mídias”. A afirmação é do jornalista paulista Cassio Politi, 26 anos, que é o coordenador das Oficinas de Webjornalismo da Revista Imprensa. Para ele, que já introduziu mais de 600 estudantes, além de diversos profissionais no mundo da informação digital, o webjornalismo no Brasil está em pleno crescimento. Em entrevista para a equipe do SobreTudo, ele disse que foi um prazer ter sido designado para ministrar a oficina pela primeira vez para estudantes, professores e profissionais baianos durante a I Semana de Comunicação da FIB. Politi tem seis anos de experiência em webjornalismo. Confira, a seguir, os melhores trechos do papo com Cassio Politi.

SobreTudo: Quando e como você começou a atuar no jornalismo digital?

Cassio Politi: Comecei a trabalhar relativamente cedo, no jornal A Gazeta Esportiva, onde tive o primeiro contato, em 1997, com um jornal online. Em 1999, abri uma empresa (P&P Comunicação) que se especializou em produzir o conteúdo jornalístico de diferentes sites. A empresa se tornou relativamente conhecida no mercado e, em 2001, a Revista Imprensa me convidou para ser um dos professores do curso que estava sendo lançado.  Fui chamado, segundo a direção da revista, porque ela procurava um profissional com experiência para poder ministrar aulas práticas. Na internet, trabalhei como repórter e editor de sites de grandes portais (Cidade Internet, Zip Net e UOL), site da Revista Imprensa, site oficial do Palmeiras e outros de diferentes assuntos (internacional, política e turismo). Trabalhei nas rádios CBN, Bandeirantes e Transamérica e na TV Bandeirantes - Santos. Atualmente, a Revista Imprensa conta com mais dois professores, Catarina Ferraz e Marcelo Bartolomei, que estão aptos a dar aulas fora de São Paulo. Tive a felicidade de ser designado para vir a Salvador.

SobreTudo: Como está o webjornalismo no Brasil?

CP: O Webjornalismo está em fase de pleno crescimento no Brasil. Houve, entre 1999 e 2000, uma explosão de investimentos em portais e sites que atrapalhou o desenvolvimento natural do segmento. Muitas empresas surgiram baseadas em aplicações de milhões de reais e, sem nenhum retorno, quebraram da noite para o dia. Isso deixou jornalistas e leitores confusos e desconfiados. Hoje, é diferente. Os sites jornalísticos estão crescendo conforme o mercado permite. Conseqüentemente, o campo de trabalho para o jornalista também está em fase de expansão. Sei que há na Bahia sites muito bem estruturados. Costumo acessar o jornal A Tarde Online, que agora tem conteúdo fechado.Acho o trabalho muito bem feito.

 SobreTudo: Qual a importância da oficina?

 CP: O profissional deve se reciclar sempre. A internet já é uma realidade e o jornalista não pode achar que o texto na web é igual ao de jornal, revista, rádio ou televisão. Ele tem pitadas da linguagem de cada uma dessas mídias. Mas, no fundo, possui uma característica toda particular. Qual o tamanho ideal do nosso texto? Como situamos o texto em relação ao link? Como fazer um título online? Essas e outras questões são a base das Oficinas de Webjornalismo da Revista Imprensa. Trata-se de um curso extremamente prático, em que o aluno escreve bastante e tem todos os seus textos corrigidos. Pelo que podemos acompanhar nas fichas de avaliação dos alunos, o nível de satisfação é muito grande: passa da casa dos 95%.

 SobreTudo: Quantas oficinas já foram dadas no país?

 CP: O curso é ministrado permanentemente em São Paulo há dois anos. Em nossa sede, na Revista Imprensa, já recebemos mais de 1.300 alunos, muitos dos quais baianos. No segundo semestre do ano passado, a direção da revista decidiu criar as oficinas itinerantes. Estivemos em Aracaju (SE), Porto Velho (RO), João Pessoa (PB), São Luís (MA) e Cuiabá (MT). Tivemos eventos menores, nos moldes de um workshop, em Campo Grande (MS) e Guarujá (SP). Nosso calendário está preenchido até junho. Fora de São Paulo, foram cerca de 220 alunos. Do total de mais de 1.500 alunos. Fui o professor de mais de 600.

 SobreTudo: Na sua opinião,os alunos formados pelo curso estão em condições de entrar no mercado?

 CP: Sim. Oferecemos uma boa base prática, simulando situações que acontecem no cotidiano de um webjornalista. É claro que esperamos que o aluno traga conhecimento da faculdade ou do mercado de trabalho. O que quero dizer é que não se trata de um curso de introdução ao jornalismo, o que é papel da faculdade. Mas é um curso que introduz o aluno ou profissional a esse mundo da informação digital. Isso vale tanto para quem está no primeiro ano da FIB como para o profissional com 30 anos de carreira.

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