Retrato do historiador da Bahia- Cid Teixeira

Valana Gualuz

Foi a admiração pelos textos e pelo estilo de Pedro Calmon, o sentido de abrangência e interpretação do professor Francisco da Conceição Menezes e a obstinação na busca da verdade histórica do seu mestre Brás do Amaral que nasceu a vontade de Cid José Teixeira Cavalcante, ou simplesmente Cid Teixeira, de ser um historiador completo.

A parteira na Ilha de Maré não imaginava que aquela criança, nascida em 11 de novembro de 1924 - o primeiro dos cinco filhos de Dona Cidália - iria se tornar um jovem obstinado pelo ensino da história e que, hoje, é considerado o “retrato fiel da história local”. Cid Teixeira é pesquisador, historiador com centenas de artigos publicados em jornais e revistas, além de livros editados.“Ensinou, escreveu, nada mais lhe aconteceu”. A frase escrita no epitáfio de Afrânio Peixoto é usada por Cid Teixeira para se autodefinir, “Desde que eu posso me lembrar da vida, estou envolvido com livros e pesquisas. Somos herdeiros de tudo o que ocorreu desde o surgimento do país, passando por todos seus momentos políticos e acontecimentos econômicos”.Justamente por ser um dos retratos fiéis da nossa história, o professor Cid Teixeira (como ele prefere ser chamado), aos 79 anos, é uma fonte potencial e inesgotável para jornalistas, estudantes, pesquisadores. Apesar dos diversos compromissos e atividades do dia-a-dia, ele dificilmente se nega a conceder alguns minutos ou horas do seu tempo para quem solicita uma entrevista: “Contribuo com muito prazer, na medida do possível. É uma forma de retribuir tudo o que consegui durante a vida, principalmente na época de estudante”, ele diz.Só há um tipo de pergunta que o professor: perguntas vaidosas, pois, segundo diz, geralmente têm um fundo de “maldade”. 

De boy a doutor

Formado em direito pela UFBA, com docência e doutorado em história, Cid Teixeira já foi boy de redação, radialista, repórter, editor e editor-chefe de jornais baianos, como o Diário de Notícias (periódico que funcionou até a metade da década de 80 e pertencia à cadeia Diários Associados). Também foi professor da UFBA, diretor da Fundação Gregório de Mattos e, desde de março de 93, ocupa a cadeira de número 19 da Academia de Letras da Bahia.

Ele não esconde a emoção ao falar da época em que trabalhou nos jornais e diz que, quando se entra numa redação, a sua cabeça fica lá para sempre. É apaixonado por livros, vinis, CDs, e tem como hobby cozinhar para a família. Para além disso, Cid revela ter um desejo ainda não realizado por conta das dificuldades que a vida lhe impôs: pesquisar em Lisboa e visitar a Torre do Tombo, na mesma cidade. Ao ser perguntado sobre os acontecimentos marcantes em sua vida, Cid Teixeira relembra, emocionado, as perdas da mãe, da mulher e do filho.

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