Perfil - Saulo Fernandes

Marcela Oliva

Mouse, teclado e computador. O trio elétrico dele, que se diz um viciado em informática, não é só o das bandas que animam o Carnaval de Salvador. Saulo Fernandes, vocalista da Banda Eva é apaixonado também por tatuagem, comida chinesa e gorilas.

A admiração por gorilas é a característica mais estranha da personalidade deste virginiano de 25 anos. O primata é a sua tatuagem mais recente, localizada na virilha. Ela faz companhia a outras quatro espalhadas pelo corpo: a inicial do seu nome, o rosto e o nome do filho e ideogramas japoneses simbolizando, amor, música e talento.

Preguiçoso assumido, Saulo só malha para agüentar as cinco horas cantando direto no trio elétrico e a maratona de shows. Terceiro de cinco filhos (todos têm S como letra inicial), cresceu em meio à música. Tocava percussão desde criança nas apresentações que os tios faziam em Barreiras.

Aos 18 anos deixou sua cidade natal para tentar a sorte em Vitória (ES). Saulo permaneceu na capital capixaba por nove meses. Lá, casou, teve um filho, João Lucas, hoje com cinco anos, e puxou pela primeira vez um trio elétrico. Em 1996, voltou para a Bahia para realizar o grande sonho: fazer sucesso na terra onde nasceu.

Nesse mesmo ano, por insistência da irmã Sheyla Fernandes, funcionária do Eva, foi se apresentar no bar da antiga sede do bloco, na Barra, em um evento chamado Quinta do Pecado. “Assim que Jefrey (produtor) me ouviu cantar teve o interesse de montar uma banda. Em uma semana surgiu a Chica Fé”.

A “Chica”, como gosta de chamar, foi sua primeira banda em Salvador e o projetou para o cenário musical baiano. Em 2000, Saulo estreou no Carnaval da Bahia. No ano seguinte ganhou o Troféu Dodô e Osmar de cantor revelação.

Branco em um estado com predominância negra, Saulo disse que se sentiu discriminado na época em cantava na Chica Fé. “Em uma apresentação na periferia de Salvador, senti uma certa resistência do público em relação à banda, algumas pessoas assistiram o show de costas para o palco”, conta.

Em 2002 , sua carreira deu um salto com o convite para cantar na Banda Eva. “Foi uma evolução natural. Já tinha seis anos na Chica e com a saída de Emanuelle os diretores queriam mexer um pouco na estrutura da banda”.

Fã de Margareth Menezes e Red Hot Chilli Peppers, Saulo afirma que emprestou para a banda uma veia mais pop e rock. Mesmo realizando shows por todo o país com a Banda Eva, o cantor sabia que sua prova de fogo seria o carnaval de Salvador. Seu desempenho lhe rendeu o Troféu Dodô e Osmar 2003 de Melhor Cantor.

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