Tratamento irá reduzir casos de transmissão vertical na Bahia

Brian Gavazza

Os testes obrigatórios que idenficam gestantes soropositivas no momento da admissão nas maternidades públicas ou privadas estão ajudando a diminuir os casos de transmissão vertical do vírus HIV em todo o Estado. A transmissão, que acontece antes ou durante o parto e logo após o nascimento, na amamentação, é combatida com o uso do inibidor zidovudina (AZT) e reduz em até 99% o risco do bebê nascer infectado. O programa está sendo coordenado pela Secretaria de Saúde do Estado, em parceria com o Centro de Referências Esatdul de Aids (Creaids) e Coordenação Estadual de DST/Aids.

Segundo dados do Ministério da Saúde, existem hoje cerca de 15 mil gestantes infectadas pelo vírus da Aids e que, destas, cerca de 1.200 estejam na Bahia. No Brasil, ao contrário de outros países em desenvolvimento, o Governo Federal vem disponibilizando o AZT na rede pública de saúde. No entanto, o número de mulheres grávidas infectadas fazendo uso desse medicamento vem sendo bastante inferior ao esperado. Com o os testes realizados, a detecção do vírus nas gestantes acontece ainda no pré-natal, sendo posteriormente tomados procedimentos necessários para a prevenção da transmissão, aumentando assim, esse consumo.

O tratamento

Para a gestante soropositiva deve começar por volta do terceiro mês, e se prolongar até o parto. Uma hora antes do nascimento da criança, a aplicação do AZT é feita por via endovenosa, continuamente, até a ligadura do cordão umbilical. No bebê, o medicamento deverá ser ministrado seis horas após o nascimento e durante seis semanas, através do uso do xarope. Para a médica Lucrécia Savernini, 31 anos, o Programa de Interrupção da Transmissão Vertical HIV/Aids, é um grande avanço para a Bahia. “É um programa que vem dando resultado. As mães que são soropositivas, assim como seus bebês, começam a receber o tratamento necessário, mesmo antes do nascimento”.

Com a efetivação do programa, que tem respaldo na Lei 7.944, de autoria do ex-deputado, Heraldo Rocha, ex-Secretário da Justiça e Direitos Humanos, a Bahia tornou-se o primeiro Estado do país a ter uma Lei específica para interrupção do vírus HIV em casos de transmissão vertical.

Com um investimento de aproximadamente um milhão de reais feito pelo Governo do Estado, espera-se que o número de crianças infectadas diminua bastante, já que os períodos durante gestação, parto e amamentação, são considerados os de maiores riscos. Cerca de 50% a 70% das transmissões acontecem nessa fase. Para uma gestante soropositivo, que preferiu não se identificar, esse tipo de prevenção chega no momento fundamental da sua vida. “Só em pensar que meu filho poderá estar livre de todo esse preconceito, já me traz um grande alivio. O risco ainda existe, mas sem o tratamento as chances seriam bem menores”, afirmou.

O Creaids está capacitando equipes de saúde de hospitais e maternidades públicas e privadas para o manejo adequado dos testes rápidos para detecção do HIV e dos kits com medicamentos. A lei criada torna obrigatório o tratamento em todas as maternidades, podendo, inclusive, ser acionado judicialmente o hospital que não cumprir a determinação.

Leia mais: www.saude.gov.ba.br

O Uso do AZT

A zidovudina (azidotimidina; AZT), foi a primeira droga anti-retroviral aprovada para o tratamento da infecção pelo vírus HIV e ainda permanece como um dos principais medicamentos inibidores da AIDS.

Pesquisas revelam que quando o AZT é administrado em mulheres durante a gravidez, no trabalho de parto, no parto e nos recém-nascidos, a média de transmissão do HIV cai em dois terços. O uso do medicamento é feito via oral e em doses que variam de 100 mg cinco vezes ao dia ou de 200 mg a cada oito horas.

Alguns pacientes podem apresentar intolerância inicial à droga (náuseas ou cefaléia), porém esses sintomas geralmente desaparecem após algumas semanas de uso. As mulheres grávidas portadoras do vírus HIV devem começar o tratamento com zidovudina no segundo trimestre de gravidez.

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