Infecções de garganta em crianças devem desaparecer após os 10 anos.

 


Crianças que vivem com a garganta inflamada podem não ter só amidalite, ou seja, inflamação nas amídalas. Em geral, elas apresentam um problema mais amplo, classificado como faringo-amidalites. A faringe é um tubo que participa tanto da respiração quanto da alimentação. Esse órgão liga o nariz à laringe e também a boca ao esôfago. Desse modo, contamina-se com microrganismos que entram pelo ar e ao mesmo tempo pelos alimentos. Quando um microrganismo penetra na região da boca e da garganta (faringe), é combatido por anticorpos como a IgA secretora produzidos pelas duas amídalas linguais (localizadas na base da língua), pelas duas amídalas palatinas (nas laterais da garganta) e pela glândula adenóide (situada atrás do nariz). 

As amídalas e a adenóide são ligadas por pequenos gânglios. Os quatro formam o anel linfático, espécie de círculo protetor da região que vai da boca e/ou nariz à laringe. As crianças são os principais portadores de faringo-amidalites. Isso se deve ao fato de seu sistema imunológico ainda estar em desenvolvimento e se completar apenas entre os 7 e os 10 anos. Mesmo assim, a imunidade já protege a maioria delas. Só 10% a 15% são atingidas pela enfermidade em especial entre os 2 e os 7 anos (principalmente após entrarem na escola). As faringo-amidalites são causadas sobretudo por vírus, bactérias e quadros alérgicos. Os microrganismos inflamam não só as amídalas, como muitas vezes toda a faringe. É normal a criança apresentar, pela sua imaturidade imunológica, até dois casos da doença anualmente, causados por bactérias. Mas parte delas tem infecções de repetição. Outro problema comum em crianças é o crescimento exagerado (hipertrofia) das amídalas e da glândula adenóide. 

Isso pode ser uma tendência familiar ou resultar de infecções de repetição ou de alergias respiratórias. A hipertrofia das adenóides às vezes leva à oclusão das narinas, obrigando a criança a respirar pela boca, o que, entre outros danos, pode prejudicar a formação das arcadas dentárias. Crianças pequenas que apresentem casos isolados de faringo-amidalites têm de ser levadas a um pediatra. Se o problema é recorrente, vale a pena consultar um otorrinolaringologista. A primeira providência do médico é descobrir se a criança está tendo infecções de repetição por vírus, bactérias ou alergia. Isso é apurado por meio da listagem dos sintomas. Quadros virais normalmente são mais brandos, produzem febre não superior a 38,5 graus e duram dois a três dias. 

Ao se examinar a garganta não se vê placas brancas de pus. Bactérias, de outro lado, provocam mais febre, a criança fica prostrada, não come, vomita, às vezes tem diarréia e placas de pus na garganta. Já as alergias dão coceira e ardor na garganta e no nariz; e provocam espirros, coriza e entupimento do nariz. Quando as faringo-amidalites são causadas por vírus, basta combater os sintomas que a criança melhora. Nas alergias, é preciso descobrir a causa e evitá-la. Quanto aos quadros bacterianos, é fundamental controlar logo o microrganismo com antibiótico. Se a criança tem muita infecção de garganta pela bactéria estreptococo do grupo A, existe o risco de apresentar febre reumática. Ela pode levar a problemas articulares e nas válvulas do coração. Existe ainda o perigo de desenvolver um problema renal que se chama glomerulonefrite. Crianças com menos de cinco casos de infecções bacterianas de garganta por ano podem ser tratadas com imunoestimulantes, para reforçar o sistema imunológico. Já as que têm cinco ou mais casos precisam extrair as amídalas palatinas e a adenóide. As faringo-amidalites tendem a sumir entre 7 e 10 anos, quando a criança completa seu sistema imunológico. Os pais precisam ficar atentos. 

Crianças que apresentam faringo-amidalites após aquela idade podem ter deficiência em su0bstâncias imunológicas.

Gilberto Sitchin é médico otorrinolaringologista do Hospital e Maternidade São Luiz. Telefone para contato: (11) 3849-0543

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