Municípios baianos estão à margem do cinema

Valmar Hupsel

As salas de cinema do interior do estado experimentam um momento inverso à realidade que vive a produção brasileira de cinema. Enquanto a quantidade e a qualidade das películas nacionais vêm aumentando a cada ano, o acesso a estes filmes está cada vez mais restrito. Dos 417 municípios baianos, apenas 11 possuem salas de exibição. Em Salvador, os cinemas de rua, tradicionais, estão sendo substituídos pelas salas de padrão americano, dentro de shoppings, e os bairros periféricos ficam sem esta opção de lazer.

As cidades do interior do estado já viveram momentos melhores no que diz respeito à existência de salas de exibição. Em Poções, município da região Sudoeste da Bahia, que hoje conta com uma população de cerca de 44 mil habitantes, segundo dados do último censo realizado pelo IBGE (2000), já teve seu cinema Glória, que tinha capacidade para 300 lugares. Hoje, o cinema está fechado. Cipó, com população atual de apenas 14 mil habitantes, também já teve seu cinema, que hoje não existe mais. Municípios como Jequié (147 mil habitantes) e Camaçari (161 mil) não disponibilizam esta opção de lazer para a população.

Dono de três salas de cinema em Vitória da Conquista, Teixeira de Freitas e Santo Antônio de Jesus – entre eles, o gigante Cine Madrigal, com capacidade para 836 lugares –, o empresário e cinéfilo Edinaldo Botelho é um dos poucos que resistem neste ramo, onde trabalha há 32 anos. Segundo ele, em virtude dos altos custos para manutenção das salas e da falta de incentivo do governo para esta atividade, muitos empresários migraram para outra atividade. “Continuo enfrentando todas as dificuldades por amor incondicional ao cinema”, diz.

Botelho informa que deseja implantar o sistema padronizado de salas em seus empreendimentos. Entretanto, pretende adequar o modelo às carências e características do público do interior, como oferecer um preço reduzido. “O público do interior é diferente. Um filme como “Chicago”, por exemplo, que foi sucesso e ganhou oscar, em Vitória da Conquista não passou da segunda semana”, observa.

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